Santa Maria da Feira

Santa Maria da Feira está localizada no cruzamento dos eixos norte-sul e litoral-interior de Portugal, uma posição estratégica que, desde tempos remotos, tornou esta região um ponto de encontro e passagem para muitos povos. Entre os séculos XI e XII, era conhecida como “Terras de Santa Maria”, surgindo inicialmente como elo de ligação entre o condado Portucalense, no norte do país, e o de Coimbra. O nome da cidade deve-se a uma feira comercial realizada na época, mencionada em uma carta de Dona Teresa, mãe de Dom Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.

Atualmente, é uma cidade com importantes infraestruturas, como o Europarque, um moderno centro de congressos que oferece uma programação variada de eventos culturais. Destaca-se também o Museu dedicado à História do Papel em Portugal, que busca valorizar os aspectos históricos, culturais e socioeconômicos de uma região com quase três séculos de tradição na indústria papeleira.

Além da sua Semana Santa, o calendário inclui a tradicional Festa das Fogaceiras, que celebra jovens transportando na cabeça as fogaças (um tipo de pão doce). Realizada anualmente em 20 de janeiro, em honra a São Sebastião, padroeiro do município, esta festa é uma das manifestações culturais mais emblemáticas da identidade de Santa Maria da Feira, com mais de cinco séculos de história. O evento é composto por três atos: o Cortejo Cívico, a Missa Solene com a Bênção das Fogaças e a Procissão das Fogaceiras. A Fogaça da Feira possui o selo de Identificação Geográfica Protegida (IGP), e existe uma confraria dedicada à sua proteção e promoção (Confraria da Fogaça da Feira), além de uma associação de produtores (Agrupamento de Produtores da Fogaça da Feira).

 

O QUE VISITAR

 

Entre o patrimônio arquitetônico, destaca-se o Castelo de Santa Maria da Feira, considerado um dos exemplos mais completos da arquitetura militar portuguesa, com uma ampla gama de elementos defensivos representados na sua construção românica. A primeira referência documental à fortificação remonta ao século XII. A diversidade de recursos defensivos usados entre os séculos XI e XVI torna-o uma peça única da arquitetura militar, fundamental para a autonomia do Condado Portucalense. O conjunto, de estilo gótico, é um monumento imponente e austero, construído sobre uma plataforma de granito. Foi classificado como Monumento Nacional em 1910.

Destacam-se também os espaços museológicos da cidade, como o Museu do Papel Terras de Santa Maria, o Museu Convento dos Lóios e o Museu de Santa Maria de Lamas, este último fundado por um colecionador particular e que reúne uma ampla coleção de arte, especialmente arte sacra.
Outro ponto de interesse é o Zoo de Lourosa, o único parque ornitológico do país, que proporciona uma imersão no fascinante mundo das aves.

Santa Maria da Feira está próxima de grandes centros urbanos, mas preserva uma tranquilidade ideal para desfrutar da natureza. Nas Termas de São Jorge, os visitantes encontram um refúgio perfeito para cuidar do corpo e da mente.

Uma visita à cidade não estaria completa sem experimentar a tradicional Fogaça, o pão típico da região, ou o pão doce Regueifa da Páscoa, uma iguaria oferecida e compartilhada entre familiares e amigos.
Por fim, a cidade possui uma programação cultural diversificada ao longo do ano, com destaque para o Imaginarius (Festival Internacional de Teatro de Rua), a Viagem Medieval e o parque temático natalino Perlim. Entre os espaços culturais, destacam-se o Europarque e o Cineteatro António Lamoso.

 

SEMANA SANTA 

 

Santa Maria da Feira, contagiada pela vontade de sedimentar e criar tradições em torno do Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus e com vontade de preservar a tradição herdada, assume a Semana Santa com a determinação de a tornar, cada vez mais, uma referência que ultrapassa fronteiras e congrega esforços, assente no ânimo e diálogo entre parceiros.

A Semana Santa de Santa Maria da Feira, pela vivência, beleza e originalidade, tem vindo a afirmar-se como evento de referência nacional das celebrações mais importantes do calendário cristão. Sedimentado desde 1998 pelo conjunto de parceiros – Grupo Gólgota, Município de Santa Maria da Feira, Paróquia de S. Nicolau da Feira e Santa Casa da Misericórdia da Feira – este projeto foi-se tornando, não apenas, um espaço privilegiado para viver e sentir os acontecimentos centrais da história e da fé, para locais e visitantes, como também para colocar em evidência o diálogo possível entre tradição e contemporaneidade, desde as celebrações litúrgicas às recriações históricas, do teatro à música, da arte à espiritualidade, do património às instituições. Enquanto evento aglutinador e de diferente oferta de programação, tem assumido uma atitude de crescimento e aposta, ampliando os seus horizontes no espaço e no tempo, procurando envolver mais o território do Concelho e Vigararia/Arciprestado de Santa Maria da Feira e alargando a vivência a todo o período da Quaresma e Páscoa, levando o público a experienciar momentos especiais da história do cristianismo, numa conjugação das componentes religiosa, cultural e social.

Recriação histórica da “Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém – na ‘cidade humana'” 

Em Domingo de Ramos, Santa Maria da Feira acolhe com alegria Jesus, na recriação da Entrada Triunfal de Jesus em Jerusalém, pelo Grupo Gólgota. Com ramos de oliveira, benzidos no início desta procissão e recriação, assinala-se o dia em que Jesus entrou em Jerusalém montado num jumentinho e as multidões saíram para recebê-lo, recordando as aclamações e os gestos das crianças hebraicas, que foram ao encontro de Jesus com o canto do “Hossana”. 

Recriação histórica da “Última Ceia, Getsémani e Sinédrio”

A “Última Ceia, Getsémani e Sinédrio”, a cargo do Grupo Gólgota, é uma recriação singular que tem convida o público a envolver-se e fazer parte nestes momentos de profunda intimidade e interioridade de Jesus com os seus discípulos. Desde a mesa da Ceia, passando pela agonia e prisão no Getsémani, Jesus é levado ao Sinédrio, abrindo um processo que O conduzirá a Pilatos, deixando o “processo” em suspenso até à recriação de Sexta-feira Santa

Procissão das Endoenças ou do Triunfo ou do Ecce Homo 

A Procissão das Endoenças, organizada pela Santa Casa da Misericórdia da Feira, constitui um dos pontos altos das celebrações litúrgicas da Semana Santa pelo profundo pendor religioso feito com introspeção e respeito pela simbologia que transporta e pela vivência contagiante. 

Nesta antiquíssima Procissão em Santa Maria da Feira, na noite de Quinta-Feira Santa, logo após a Celebração da Missa Vespertina da Ceia do Senhor, figura uma oportunidade de profunda religiosidade popular, particularmente visível nos símbolos e rituais da celebração.

Recriação histórica da “Via Sacra” 

O caminho de Jesus, deste o Pretório de Pilatos até ao Monte Calvário, recriado pelo Grupo Gólgota, há mais de 30 anos, em Sexta-feira Santa, é o momento alto da Semana Santa. Percorrendo o centro histórico da cidade e tendo como palco vários edifícios emblemáticos, conjuga várias das 14 estações da Via Sacra, numa vivência única, que termina no Castelo da Feira, como ponto alto da cidade e da história.

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